Em tempos de Copa do Mundo, segue a sugestão de um Livro muito interessante.
Um jogador de futebol morre duas vezes; a primeira, quando pára de jogar. A frase célebre do ex-craque Falcão, que vestiu as camisas do Internacional, da Roma e da seleção brasileira, está citada em Nunca houve um homem como Heleno, do jornalista Marcos Eduardo Neves, mas não cabe na história do biografado. Na verdade, Heleno de Freitas morreu muitas vezes. Um pouco por dia, ao longo dos 12 anos em que atuou nos gramados. Todos os dias, depois que parou de jogar.
A biografia de Heleno é um festival de ironias do destino. No decorrer de 328 páginas, o personagem se transforma. De craque talentoso, passa a jogador problema. De homem inteligente, bonito e bem nascido, acaba em frangalhos - física e psicologicamente. Amado pelo Botafogo, seu clube de coração, jogou várias temporadas pelo alvinegro da estrela solitária, mas conseguiu seu único título do campeonato carioca pelo arqui-rival Vasco da Gama.
Em meio às contradições do caminho, a narrativa se deixa levar facilmente. E isso se deve, em grande parte, ao trabalho de apuração do autor - extenso, pertinaz e profundo. Exceto pela infância do personagem, tratada de modo ligeiro, a obra é rica em detalhes não só da vida do craque, mas também sobre o desenrolar dos principais fatos do Brasil e do mundo. Em alguns pontos, o panorama de época com que o autor procura pontuar a trajetória de Heleno ganha tanto vulto que joga o assunto central para escanteio.
O próprio título é uma referência de época. Menciona a propaganda do filme Gilda, protagonizado por Rita Hayworth. Foi o apelido nada carinhoso que Heleno recebeu da torcida adversária - e até de alguns amigos -, quando o filme estreou no país. Era uma forma de dizer - sem que ele jamais entendesse - o quanto era genioso.
Inteligente, Heleno de Freitas guardava atributos suficientes, dentro e fora das quatro linhas, para chamar atenção da mídia e do público na época do "futebol romântico". Foi, aliás, graças a tanto "romantismo" que o craque pôde seguir carreira. Suas partidas eram quase sempre memoráveis. Para o bem e para o mal. Heleno tinha tudo para escapar da marcação dura de todos os chavões do futebol brasileiro. Ao contrário de tantos exemplos, nasceu em família abastada, estudou, formou-se em direito. Expressava-se com fluência e em geral com a mesma elegância que desfilava nos gramados. Na concentração, deixava a sinuca e o baralho dos companheiros de time de lado para jogar xadrez com os dirigentes. Vestia-se com tal esmero que, muitas vezes, a "cartolagem" sentia-se estranhamente diminuída.
Com tantos predicados, fazia questão de jogar para a torcida. Para a torcida feminina. Seu charme arrebatou inúmeros corações da alta sociedade carioca. De atrizes a vedetes de teatro - e, fala-se sem muita convicção, até da ex-primeira dama argentina Evita Perón. Nos jogos de alcova, conquistou uma galeria inteira de troféus em uma época em que a liberdade sexual era atributo de poucos. Ou, mais especificamente, de poucas.
Um jogador de futebol morre duas vezes; a primeira, quando pára de jogar. A frase célebre do ex-craque Falcão, que vestiu as camisas do Internacional, da Roma e da seleção brasileira, está citada em Nunca houve um homem como Heleno, do jornalista Marcos Eduardo Neves, mas não cabe na história do biografado. Na verdade, Heleno de Freitas morreu muitas vezes. Um pouco por dia, ao longo dos 12 anos em que atuou nos gramados. Todos os dias, depois que parou de jogar.
A biografia de Heleno é um festival de ironias do destino. No decorrer de 328 páginas, o personagem se transforma. De craque talentoso, passa a jogador problema. De homem inteligente, bonito e bem nascido, acaba em frangalhos - física e psicologicamente. Amado pelo Botafogo, seu clube de coração, jogou várias temporadas pelo alvinegro da estrela solitária, mas conseguiu seu único título do campeonato carioca pelo arqui-rival Vasco da Gama.
Em meio às contradições do caminho, a narrativa se deixa levar facilmente. E isso se deve, em grande parte, ao trabalho de apuração do autor - extenso, pertinaz e profundo. Exceto pela infância do personagem, tratada de modo ligeiro, a obra é rica em detalhes não só da vida do craque, mas também sobre o desenrolar dos principais fatos do Brasil e do mundo. Em alguns pontos, o panorama de época com que o autor procura pontuar a trajetória de Heleno ganha tanto vulto que joga o assunto central para escanteio.
O próprio título é uma referência de época. Menciona a propaganda do filme Gilda, protagonizado por Rita Hayworth. Foi o apelido nada carinhoso que Heleno recebeu da torcida adversária - e até de alguns amigos -, quando o filme estreou no país. Era uma forma de dizer - sem que ele jamais entendesse - o quanto era genioso.
Inteligente, Heleno de Freitas guardava atributos suficientes, dentro e fora das quatro linhas, para chamar atenção da mídia e do público na época do "futebol romântico". Foi, aliás, graças a tanto "romantismo" que o craque pôde seguir carreira. Suas partidas eram quase sempre memoráveis. Para o bem e para o mal. Heleno tinha tudo para escapar da marcação dura de todos os chavões do futebol brasileiro. Ao contrário de tantos exemplos, nasceu em família abastada, estudou, formou-se em direito. Expressava-se com fluência e em geral com a mesma elegância que desfilava nos gramados. Na concentração, deixava a sinuca e o baralho dos companheiros de time de lado para jogar xadrez com os dirigentes. Vestia-se com tal esmero que, muitas vezes, a "cartolagem" sentia-se estranhamente diminuída.
Com tantos predicados, fazia questão de jogar para a torcida. Para a torcida feminina. Seu charme arrebatou inúmeros corações da alta sociedade carioca. De atrizes a vedetes de teatro - e, fala-se sem muita convicção, até da ex-primeira dama argentina Evita Perón. Nos jogos de alcova, conquistou uma galeria inteira de troféus em uma época em que a liberdade sexual era atributo de poucos. Ou, mais especificamente, de poucas.
Um comentário:
Fico lisongeado com sua homenagem, amigo. Muito obrigado.
marcos Eduardo Neves
me.neves@uol.com.br
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