quarta-feira, outubro 18, 2006

Haditha

Nem a história da guerra do Iraque, nem a imagem que o mundo tem dos EUA (e eles, de si próprios) serão as mesmas, depois de Haditha. Na manhã de 19 de novembro de 2005, praticou-se um massacre, nesta pequena cidade cercada de palmeiras e debruçada às margens do Rio Eufrates. Depois de sofrerem uma baixa, causada por explosão de uma bomba, os soldados da Companhia Kilo, do US Marine Corps decidiram vingar-se contra a população civil.

Vinte e quatro pessoas foram assassinadas a sangue-frio. Nenhuma delas esboçou qualquer gesto que pudesse representar ameaça aos marines. Entre as vítimas estão sete mulheres, três crianças, um bebê de um ano e um ancião cego e aleijado, em sua cadeira de rodas. A vingança prolongou-se por cinco horas, o que exclui a hipótese (igualmente brutal) de um acesso de cólera, provocado pela morte do colega de armas.

Ao invés de punirem a selvageria, os oficiais que comandavam os soldados a acobertaram. Dois relatórios militares criaram versões fantasiosas para os fatos. O primeiro, de autoria dos próprios autores do massacre, atribui as 24 mortes à explosão que matou o soldado (supostas 16 vítimas) e a fictícia “troca de tiros” com “insurgentes” (outras 8). O segundo é mais grave e perturbador. Foi produzido em fevereiro, após surgirem sinais de que os fatos haviam vazado. Um coronel de infantaria deslocou-se a Haditha e fez, durante uma semana, dezenas de entrevistas – inclusive com testemunhas oculares dos crimes. Embora desconstrua a primeira mentira, seu relatório esconde o essencial – os assassinatos. Trata as mortes como... “danos colaterais” da guerra. Ao invés de esclarecer, o documento lança uma terrível pergunta: quantos episódios semelhantes terão sido abafados, no Iraque, ao serem classificados com tal rótulo, cada vez mais freqüente no jargão das guerras “modernas”?

Este é apenas um trecho de uma reportagem publicada pelo Jornal Francês Le Monde Diplomatique. Entretanto, serve de exemplo e ilustração das brutalidades produzidas por esta e tantas outras guerras. Devemos, a partir desses depoimentos e relatos parar para refletir sobre o nosso papel frente a tudo isso. Mesmo distantes devemos denunciar essas brutalidades nos solidarizando com o povo iraquiano.

Texto na integra em -http://diplo.uol.com.br

Um comentário:

fabsacksteder disse...

Mardi Gras Casino, Atlantic City, NJ - MapYRO
Find the best 당진 출장안마 prices for 동두천 출장샵 Mardi Gras 제천 출장샵 Casino, Atlantic City on MapYRO. to the Riverfront Resort 충청남도 출장안마 Casino in Atlantic City, NJ, which has 3,700 여주 출장샵 rooms and