terça-feira, novembro 08, 2005

As ruas de Paris

O turista eventual não presta atenção nas Cités da Escuridão conforme ele segue do aeroporto para a Cidade das luzes. Mas elas são grandes e importantes – e o que o turista encontraria nelas, caso se desse ao trabalho de visitá-las, ia horrorizá-lo.Uma espécie de anti-sociedade cresceu nelas – uma população que busca o sentido da vida no ódio que sente por aquela outra sociedade francesa, "oficial". Esta alienação, esta vasta desconfiança é a maior que encontrei em qualquer outro canto do mundo, inclusive nas grandes favelas negras da África do Sul no Apartheid. Ela está à mostra no rosto dos jovens, a maioria prematuramente desempregada, que circulam por entre seus prédios. Quando você se aproxima para conversar com eles, suas expressões imutáveis não acusam o reconhecimento da humanidade compartilhada; eles não fazem um gesto de cortesia social. Se você não é um deles, você está contra eles. [...]Quando agentes da França oficial vêm às cités, os moradores atacam. A polícia é odiada. Um jovem malaio, que acredita não ter emprego na França por conta da cor de sua pele, descreveu como a polícia sempre chega preparada para o ataque, seus cacetetes à mostra – preparados para bater em qualquer um que se aproxime, não importa quem ou se é inocente de crime – antes de retornar à segurança da delegacia. A conduta da polícia, ele disse, explica porque os moradores jogam coquetéis Molotov contra eles de suas casas. Quem toleraria este tratamento vindo de uma police fasciste? [...]Antagonismo contra a polícia pode ser compreensível, mas a conduta destes jovens moradores das cités contra os bombeiros que vêm salvá-los de incêndios que eles mesmos começaram mostra o nível de profundidade de seu ódio pela sociedade oficial. Eles recebem os bombeiros (cujo lema é sauver ou périr, salvar ou morrer) com coquetéis Molotov e pedras quando eles chegam para sua missão, carros blindados freqüentemente têm de proteger os caminhões de bombeiros.
O título do artigo de Theodore Dalrymple é Os bárbaros às portas de Paris. Muitas vezes perturbador, às vezes francamente conservador. Outras tantas parece incrivelmente objetivo.
Retirado de No minimo Weblog

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